A tempos resgatei um pit bull vitima de abandono. Seus “donos” haviam se mudado e o abandonaram na casa caindo aos pedaços. Vi sua foto da internet onde pessoas pediam ajuda para ele.
Então pensei: “pego ele, trato de suas feridas, faço a castração, adestro faço a doação para quem queira”. Mas quando cheguei e olhei na cara dele, cheio de feridas e seus dentes mostrando que era um cão idoso, pensei: E AGORA JOSÉ?. E a cada nova descoberta eu repetia a mesma pergunta. E AGORA JOSÉ?
Isso acabou lhe rendendo o nome de José que morreu a três semanas… Resolvi homenageá-lo com uma adaptação minha da poesia de Carlos Drummond de Andrade, por todo o ensinamento que ele deixou.
JOSÉ
um dia chegou,
a ração acabou,
seu povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que ninguem sabe o nome,
que amendronta os outros,
você que faz medo,
que ninguém ama e detesta,
e agora, José?
Está sem comida,
está sem agua,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode comer,
correr já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
Seu dono não veio,
o riso não veio,
não veio a alegria
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Cheio de pulga,
Um instante de febre,
sua gula e jejum,
sua sarna,
sua larva no couro,
seu câncer de próstata
Cheguei com a guia na mão
Abri o portão,
não existia portão;
Te levei para casa,
Lavei o seu pelo;
cortei suas unhas,
limpei suas feridas.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você falasse
o que realmente aconteceu,
Deixei que você dormisse,
Deixei que você cansasse,
Impedi que você morresse
você é duro, José!

Viveu sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem casinha
para se encostar,
Mas você foi-se embora José
dormiu e não acordou,
você se foi, José!
José, pra onde?
Olha Dino fiquei muito emocionada lindo seu gesto de ter acolhido o José pode ter certeza que Deus te dará em dobro o que fez por ele muito triste a morte dele mas vamos pensar pelo lado positivo que os seus últimos
dias de vida foi feliz ao seu lado!!!
Dino, a cinco anos apareceram na porta de minha casa 2 vira latas, um casal, como já tínhamos 2 cadelas, uma poodle e uma vira latas resisti até tomar a decisão de adotá-los, pois ela estava prenha, sábado o macho já debilitado fugiu de casa pois era bem velhinho, não o encontramos mais, buscamos até nas matas aqui perto pra ver se pelos menos seu corpinho a gente achava e a frase é a mesma e agora Zezé (o nome que dei pra ele), só sobrou um vazio. Denise Barion.
Como chorei com essa história….
Chorei do lado de cá…